segunda-feira, 4 de julho de 2016

ALCEU: PORTA-VOZ DO FUTURO

Cantor pernambucano celebra 70 anos com o espírito inquieto e o olhar visionário que o fizeram um artista à frente de seu tempo
  Alfeu Tavares
Além de lançar discos que estavam fora de catálogo,
o eterno 'bicho maluco beleza' começou a escrever um livro,
que talvez vire seu primeiro romance
Alceu Paiva Valença fez 70 anos na última sexta, 1º de julho, mas de acordo com o próprio compositor - poderiam ser apenas 7. Depois de 35 discos lançados, entre álbuns de estúdio e trabalhos ao vivo, um livro publicado e um filme como diretor, o artista tem consciência das experiências que fazem dele o maior nome da música pernambucana atualmente, sem deixar de ser uma criança curiosa e inquieta, disposta a se arriscar pelo desconhecido e se aventurar entre novidades.

“A gente dá um calendário para o tempo, mas o tempo é contínuo. Então, faço agora 70 07 (são 70 anos que ao contrário é 07). Eu posso ter sete anos de idade, porque ainda está faltando tudo, o ser humano sempre quer construir alguma coisa nova. Eu comecei a escrever um livro agora, por exemplo”, explica o compositor pernambucano, ao revelar que recentemente vive um surto criativo literário que pode gerar seu primeiro romance, embora ainda não tenha definido o gênero.


Para marcar a data, além de ouvir o próprio Alceu, entrevistamos artistas que ajudaram a compor sua trajetória, e outros envolvidos em parcerias que ainda estão por vir, como os cineastas Lírio Ferreira e Cláudio Assis. Também mostramos a ligação do cantor com o frevo, os palcos, a importância de suas criações, em letras e composições, para a inserção do Nordeste no imaginário brasileiro.

Autor do livro de poesias “O Poeta da Madrugada” (2015), publicado pela editora Chiado, o compositor também já escreveu um volume de crônicas, intitulado “As Inacreditáveis Histórias Verdadeiras”, que ficou perdido no computador, esquecido dentro de um táxi. “Eram fatos surreais que aconteceram comigo em vários cantos do mundo. As pessoas que viveram as histórias comigo são a prova”, descreve Alceu, que chega às sete décadas com a memória irretocável que herdou da mãe, dona Adelma, atualmente aos 102 anos de idade e ainda lúcida.

Inclusive, os mais próximos alegam que o excesso de consciência do músico talvez seja o culpado pela personalidade polêmica. “Isso faz parte e é característico dele, porque Alceu sempre está um passo à frente. Há determinadas leituras que ele faz agora que só vêm a ser entendidas certo tempo depois”, explica o primo Rubinho Valença, que foi empresário do músico durante os anos de 1980 e acredita que a proposta musical bem definida do artista possa ser o motivo de alguns problemas. “Ele nunca foi de fazer concessões às suas raízes e muito menos à sua arte. Ele sempre prezou pela singularidade e sua formação de origem, sem ceder à grana. Mas também sempre foi muito aberto ao novo, e democrático em relação a discutir ideias”, defende ele.

Além do livro, Alceu dá continuidade ao seu trabalho como diretor de cinema, e atualmente está preparando seu segundo filme, que será um documentário sobre sua estadia na França, em 1978, partindo da sua infância em São Bento do Una. O trabalho será inteiramente gravado com uma câmera Super 8 e terá a participação especial do filho Juliano, 24 anos, que o interpretará quando mais jovem. “O cinema pernambucano, na minha cabeça, é meio parecido comigo nessa questão da gente ser dono do nariz. Eles fazem o que querem, do jeito que querem, e ser incluído nesse hall é um prazer muito grande”, comenta o músico.

Porém, a grande novidade de 2016 para os amantes do músico é o relançamento dos LPs da carreira solo, produzidos durante a década de 1970 que, até então, estavam fora de catálogo. “Molhado de Suor”, “Vivo!” e “Espelho Cristalino” voltarão às prateleiras em edição prensada pela Deck, que também lança oficialmente o título “Saudade de Pernambuco”, gravado em Paris, em 1979, mas que até hoje permanecia engavetado.

A lista ainda cresce com a chegada da trilha sonora de “A Luneta do Tempo” ao mercado, além da recriação do show “Vivo!” no Teatro de Santa Isabel no ano passado, que renderá o CD e DVD “Vivo Revivo!”, cujo lançamento está previsto ainda para este ano. O "bicho maluco beleza" enfim alcança os 70 anos a todo vapor, como quem chega aos Quatro Cantos (de Olinda) descendo ladeira e atiçando calor.

fONTE: folhape.com.br (CULTURA)
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